TEATRO MUNICIPAL SEVERINO CABRAL
Geraldino Duda,1963.
DIMENSÃO NORMATIVA
O Teatro Municipal Severino Cabral (TMSC) localiza-se próximo à demarcação do centro histórico de Campina Grande, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP), de acordo com o “Dec. 25.139 de 29 Jun. 2004”. Fato esse, torna-se mais relevante sua implantação na paisagem do centro de Campina Grande.
Devido seu valor cultural e arquitetônico, possui notificação de cadastramento “nº 0009/2001”, pelo IPHAEP, que o protege contra demolições, reformas ou quaisquer modificações externas e internas, que venham danificá-lo ou descaracterizá-lo.
DIMENSÃO HISTÓRICA
Em 1962, o então prefeito de Campina Grande, Severino Cabral Ribeiro, encomenda aos técnicos da Prefeitura Municipal o projeto de um teatro, o qual é parcialmente inaugurado em 1963. O projeto ficou ao encargo do desenhista Geraldino Duda e do engenheiro calculista Lynaldo Cavalcante.
Tal período é marcado pela inauguração da capital do Brasil - Brasília, em 1960. Influenciado por Oscar Niemeyer, após visitar a recém inaugurada Brasília, Geraldino Duda, torna-se gradativamente adepto aos princípios da modernidade.
Desde sua inauguração ocorreram três reformas: a primeira em 1975 no mandato do prefeito Evaldo Cruz; a segunda em 1988 pelo prefeito Ronaldo Cunha Lima; e por fim, a terceira e última reforma que ocorre entre 2009 e 2011, na gestão do prefeito Veneziano Vital, com adaptações à “acessibilidade” e às normatizações de segurança contra incêndios.
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DIMENSÃO ESPACIAL
A dimensão espacial propõe como procedimento de análise a divisão em espaço externo (lugar, entorno, implantação, gabarito, zona) e interno (solução do programa de necessidades, zoneamento, fluxograma, zonas, espaços).Em relação à primeira, o Teatro Municipal Severino Cabral localiza-se no Bairro Centro de Campina Grande, que possui população de aproximadamente 7.527 habitantes, de acordo com o Censo de 2010.
Está implantado em um terreno de forma triangular com declive no sentido Leste-Oeste de aproximadamente seis metros. Faz limite norte com a Av. Dom Pedro II e ao sul com a Av. Floriano Peixoto - que corta a cidade em uma diagonal noroeste-nordeste.
Na dimensão espacial interna, observa-se que o edifício possui área aproximada de 5.404,9 m2, no projeto original. Sua estrutura formal é composta por dois volumes principais.
O primeiro volume, de forma trapezoidal, abriga um espaço para 682 lugares (sendo 446 lugares na plateia térreo, 162 na plateia superior e 74 nos camarotes), e está distribuídos os espaços de apoio para os espectadores em quatro pavimentos, como por exemplo, o foyer, a plateia principal, os camarotes, camarins e terraço jardim. Esse volume principal é revestido com placas de mármore bege Bahia.
O segundo volume, de forma retangular curvada, possui sete pavimentos, está voltado para o leste com um plano de vidro que se estende do primeiro ao último pavimento. Já a fachada leste é composta por um brise vertical e um painel artístico cerâmico. Nele estão setorizados os espaços de administração, apoio aos artistas, palco principal, áreas técnicas e de serviços.
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DIMENSÃO TECTÔNICA
A análise da dimensão tectônica diz respeito ao caráter essencial da arquitetura – concepção e construção. A estrutura de suporte (superestrutura) do TMSC é composta por vigas, pilares e lajes de concreto moldadas em loco que não aparecem explicitamente.
A vedação é de alvenaria convencional independente da superestrutura. Também foi utilizado laje de concreto em balanço inclinada, que funciona como uma marquise de entrada ao edifício. Sua estrutura classifica-se como sistemática, por apresentar uma trama ordenadora, e assintomática, por não ter sua estrutura aparente. Existe uma relação entre estrutura e forma mais evidente na volumetria externa do que nos ambientes internos, que possui aspectos mais convencionais.
Em relação às peles, observa-se duas grandes esquadrias de vidro e caixilhos metálicos na fachada leste, e dois planos de brises metálicos verticais, que sobrepõem as laterais das fachadas oeste. A cobertura foi solucionada utilizando telhas de fibrocimento que possui baixo ângulo de inclinação, que melhor se adaptaria a forma da edificação. O volume trapezoidal não possui platibanda, já que sua forma segue a inclinação da coberta. O edifício posterior, possui platibandas que esconde um telhado com estrutura de madeira e telhas de fibrocimento.
Destaca-se enquanto detalhe construtivo, a marquise de entrada, em balanço; o mezanino do foyer e o jogo de planos das esquadrias em fita que recortam o volume trapezoidal.
Externamente, o edifício é revestido com mármore “bege bahia” e um “granito terraço”. Em alguns ambientes internos, os pisos são de mármore branco. Enquanto isso, na fachada oeste encontra-se um painel de azulejo com tons terrosos, azuis e beges.

DIMENSÃO FORMAL
O terreno foi um dos condicionantes que influenciou na concepção da forma do teatro. O terreno triangular e com topografia em declive, possibilitou a setorização da plateia seguindo o relevo natural, e a resolução do programa em dois volumes principais.
Observa-se as relações da estrutura formal do TMSC, com os materiais empregados, sua função, a relação com o lugar e princípios da linguagem formal da modernidade arquitetônica.
O primeiro volume trapezoidal, com uma base recuadas, proporcionando uma sensação de leveza e apoio. Além disso, existem algumas subtrações das esquadrias e do terraço jardim. O segundo volume, trata-se de uma forma retangular levemente curvada.
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DIMENSÃO FUNCIONAL
Em sua concepção original, o TMSC tinha um programa de necessidades moderno e progressista para a época, principalmente por estar localizado em uma cidade no interior do nordeste. Além dos espaços comuns para o funcionamento de um teatro, até então, como por exemplo, foyer, plateia, palco e camarins, o TMSC abrangia usos complementares, como bar, restaurante, mirante, salas de aulas e ensaios, entre outros.
Alguns ambientes foram reconfigurados, como por exemplo, o restaurante que se transformou em uma sala de ensaio e o bar que parou de funcionar por diversas questões administrativas.
Ao longo dos anos algumas funções foram sendo adaptadas e alteradas para novas necessidades, como por exemplo, banheiro acessível, sala técnica de iluminação, biblioteca, espaço de exposição e uma sala de apresentação menor - o Mini Teatro Paulo Pontes.

DIMENSÃO DA CONSERVAÇÃO
Por meio de análises empíricas, identificou-se uma série de danos presente no TMSC, como por exemplo, nas fachadas externas, onde é comum perceber ações de vandalismo. Esse é um dano muito comum na contemporaneidade, por ação antrópica, como por exemplo, pichação.
Perda de material e crosta negra também é um dano presente em todas as fachadas do edifício, principalmente nas peças de mármore “bege bahia”. Isso ocorre devido o contato direto com a água da chuva, acúmulo de poeira, poluição e falta de limpeza periódica.
A perda de material das fachadas é um dano que pode acarretar perigo para as pessoas que utilizam o espaço, ou até mesmo, os que circulam pelos passeios públicos adjacentes ao TMSC. Constatou-se alguns pontos onde as peças de mármore do revestimento externo estão soltando.
Também foram catalogados os seguintes danos: perda de peças na platibanda, deslocamento de telhas, crosta negra e sujidade em todas as cobertas, esfoliação no piso do palco principal de madeira e presença de ferrugem nas esquadrias.
Também cabe citar outros danos, como por exemplo, uma série de destacamentos e trincas nos pisos, e a vegetação desordenada no seu entorno. Esse último, causa danos físicos e visuais. Além disso, tem-se as edificações construídas nos fundos do TMSC, que se comportam como elementos parasitários, ao danificarem a compreensão do edifício como um todo, principalmente da fachada oeste, onde existe um painel de azulejo.
A inserção do TMSC, ao lado de vias de alto fluxo, também gera abalos ao edifício. Isso acarreta no aparecimento de fissuras e potencializa o destacamento dos revestimentos.
Apesar dos diversos danos presentes no TMSC, muitos dos componentes ainda estão em estado de conservação bom. É necessário entender essas degradações para se intervir de modo mais adequado, buscando-se reverter uma curva ascendente de desgaste de seus componentes arquitetônicos
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REFERÊNCIAS
DINIZ, D. Intervenção arqui(tectônica). Estudo preliminar de restauro do Teatro Municipal Severino Cabral em Campina Grande-PB. Trabalho de Conclusão de Graduação. Campina Grande, CAU/UFCG, 2020.
DINIZ, D. Tectônica da modernidade: Desafios para a preservação da arquitetura moderna em Campina Grande-PB. XVI Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, 2019.
AFONSO, A.; MENESES, C. Patologia do patrimônio moderno. O caso do Teatro Municipal Severino Cabral. Campina Grande - PB. In: 5° Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto, Belo Horizonte, 2018.