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RESIDÊNCIA HÉLION PAIVA

Geraldino Duda,1960.

DIMENSÃO NORMATIVA

A residência Helion Paiva, foi projetada no ano de 1960. Localizada na Avenida Floriano Peixoto, bairro Centro, de Campina Grande.

 

A quadra em que a residência se encontra, está no limite externo do perímetro estabelecido como Área de Preservação Rigorosa (APR) pelo Decreto Estadual nº. 25.139 de 2004. Este decreto teve como objetivo criar proteção legal para conjuntos arquitetônicos Art Decó, localizados no centro histórico da cidade.

 

Em 2013 o Decreto Estadual nº 33.816/2013 incluiu as quadras situadas nas margens da área de Preservação Permanente como Área de Proteção de Entorno (APE).

(Decreto Estadual nº 33.816/2013)

"Tal área (de entorno) funciona como espaço de amortecimento, transição e manutenção da ambiência entre a APR e as demais áreas de expansão dos espaços acima relacionados, através da preservação da forma de ocupação, do traçado do sítio (urbano ou rural) e dos bens de significado cultural ainda nela existentes e pela renovação controlada das edificações sem valor cultural para a preservação, de forma a não comprometer a ambiência da APR, notadamente nos aspectos relativos à sua escala e textura de materiais."

Desta forma, a partir de 2013 a residência Helion Paiva passou a estar inserida na APE. No entanto, a edificação em si, não se encontra legalmente protegida. Também é válido ressaltar, que a residência compõe um conjunto de bens arquitetônicos modernos localizados na mesma região. Fazem parte do conjunto: O Teatro Municipal Severino Cabral, o Museu de Arte Assis Chateaubriand, a residência Alaíde Muniz, além de outras residências.

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DIMENSÃO HISTÓRICA

A década de 1960 marca um período importante da carreira profissional de Geraldino Duda. Segundo Meneses (2017), este foi o período em que o desenhista mais recebeu encomendas de projetos residências. 

 

Também foi nessa época que Duda demonstrou através de seus projetos um comprometimento com a linguagem arquitetônica moderna. Essa tendência foi endossada pelas classes média e alta da cidade de Campina Grande. Prova disso foram as dezenas de projetos encomendados. 

 

O projeto de construção da residência Helion Paiva foi aprovado pela Divisão de Obras da Prefeitura Municipal de Campina Grande no dia 13 de abril de 1960.  O projeto foi assinado pelo engenheiro Roberto Palomo, como responsável pelo projeto e construção, além de instalação hidráulica e elétrica.

 

A prática de solicitar a assinatura de engenheiros em seus projetos perdurou até que Geraldino concluísse sua formação como engenheiro na Escola Politécnica em Campina Grande, na década de 1970.

DIMENSÃO ESPACIAL

Em relação a essa dimensão de análise, observa-se inicialmente, a adoção de um sistema de modulação estrutural, que é evidenciada em planta e nos cortes. São 4 (quatro) eixos longitudinais e 3 (três) transversais. Esse tipo de ordenação estrutural se classifica como uma solução sistemática. Sua superestrutura é formada por 14 (quatorze) pilares, lajes e vigas invertidas, em concreto armado, sendo classificada predominantemente como assintomática.

 

No entanto, um desses pilares apresenta-se sintomático, como um elemento plástico na composição formal da edificação. Observam-se as relações estruturais e formais, que são expressas a partir de subtrações volumétricas e pelos vãos livres. Além disso, nota-se também a utilização de alguns pilares metálico de perfil circular, que auxiliam no suporte de lajes em balanço.

 

Em relação aos fechamentos, destaca-se as peles compostas por esquadrias de alumínio e vidro. Percebe-se o diálogo tectônico entre os vãos, permitidos pelo sistema estrutural e esses elementos que contribuem na composição formal da edificação. Além disso, observa-se também, as proteções de guarda corpo, presente em varandas e escadas. São elementos em perfis metálicos que também dialogam com a materialidade e a forma da edificação.

 

A sua cobertura é resolvida em apenas uma água, que cai no sentido norte-sul, e é captada por uma calha única. Essa solução é implícita, pois não é possível observá-la na percepção da escala humana. Tal configuração expõe algumas soluções climáticas, à medida que que as lajes são prolongadas criando proteções nas varandas e em algumas esquadrias. A coberta é envolvida por uma platibanda, que se integra a própria solução volumétrica da proposta.

 

Apesar de compacta, a residência destaca-se por seus detalhes construtivos. Pode-se observar: as escadas com piso em “V” engastadas, que compõe plasticamente com o guarda corpo; banco de concreto de forma orgânica, em concreto armado, presente no jardim; mobiliário projetado que se integra com a arquitetura e a presença de desníveis, que criam diferentes espacialidades.

 

A residência possui uma rica diversidade de revestimentos, que variam entre o uso de pedras, de azulejos e ladrilhos. Tais elementos, de uso estéticos e funcionais, são bastante recorrentes nos projetos residenciais de Geraldino.

 

Nesse caso, o uso do revestimento pétreo da fachada foi um elemento de integração entre exterior e interior. Isso acontece através da continuidade do plano pétreo em forma de “L”, que reveste a fachada frontal e a lateral, assim como o interior da sala de estar e o escritório.

 

Além deste, outros revestimentos utilizados foram o tijolo cerâmico que reveste as paredes na parte inferior do volume, e pastilhas brancas, que revestem o volume na parte superior.

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DIMENSÃO TECTÔNICA

Em relação a essa dimensão de análise, observa-se inicialmente, a adoção de um sistema de modulação estrutural, que é evidenciada em planta e nos cortes. São 4 (quatro) eixos longitudinais e 3 (três) transversais. Esse tipo de ordenação estrutural se classifica como uma solução sistemática. Sua superestrutura é formada por 14 (quatorze) pilares, lajes e vigas invertidas, em concreto armado, sendo classificada predominantemente como assintomática.


No entanto, um desses pilares apresenta-se sintomático, como um elemento plástico na composição formal da edificação. Observam-se as relações estruturais e formais, que são expressas a partir de subtrações volumétricas e pelos vãos livres. Além disso, nota-se também a utilização de alguns pilares metálico de perfil circular, que auxiliam no suporte de lajes em balanço.


Em relação aos fechamentos, destaca-se as peles compostas por esquadrias de alumínio e vidro. Percebe-se o diálogo tectônico entre os vãos, permitidos pelo sistema estrutural e esses elementos que contribuem na composição formal da edificação. Além disso, observa-se também, as proteções de guarda corpo, presente em varandas e escadas. São elementos em perfis metálicos que também dialogam com a materialidade e a forma da edificação.


A sua cobertura é resolvida em apenas uma água, que cai no sentido norte-sul, e é captada por uma calha única. Essa solução é implícita, pois não é possível observá-la na percepção da escala humana. Tal configuração expõe algumas soluções climáticas, à medida que que as lajes são prolongadas criando proteções nas varandas e em algumas esquadrias. A coberta é envolvida por uma platibanda, que se integra a própria solução volumétrica da proposta.


Apesar de compacta, a residência destaca-se por seus detalhes construtivos. Pode-se observar: as escadas com piso em “V” engastadas, que compõe elasticamente com o guarda corpo; banco de concreto de forma orgânica, em concreto armado, presente no jardim; mobiliário projetado que se integra com a arquitetura e a presença de desníveis, que criam diferentes espacialidades.


A residência possui uma rica diversidade de revestimentos, que variam entre o uso de pedras, de azulejos e ladrilhos. Tais elementos, de uso estéticos e funcionais, são bastante recorrentes nos projetos residenciais de Geraldino.
Nesse caso, o uso do revestimento pétreo da fachada foi um elemento de integração entre exterior e interior. Isso acontece através da continuidade do plano pétreo em forma de “L”, que reveste a fachada frontal e a lateral, assim como o interior da sala de estar e o escritório.


Além deste, outros revestimentos utilizados foram o tijolo cerâmico que reveste as paredes na parte inferior do volume, e pastilhas brancas, que revestem o volume na parte superior

DIMENSÃO FORMAL

A linguagem plástica utilizada nesta obra foi a forma moderna. Apesar de não ser formado, Geraldino acompanhava, aprendia e se inspirava na produção arquitetônica moderna brasileira, através de publicações especializadas, como a revista Módulo. Grande admirador de Oscar Niemeyer, Duda buscou aplicar princípios modernos, como a pureza e simplicidade dos volumes, e também, tirar partido da plasticidade dos componentes estruturais.

 

A composição arquitetônica da residência é constituída por um único volume, coroado pela parte superior, que avança em todos os lados da edificação sob a base. As linhas retas, porém, irregulares conferem dinamicidade ao volume. A existência de elementos curvos - como o banco no jardim, os degraus circulares e também o desenho curvo do pilar na garagem - aliados aos planos transparentes na fachada, proporcionam leveza à forma.

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DIMENSÃO FUNCIONAL

A obra mantém seu uso residencial original, no entanto, passou por algumas reformas. Foram feitas alterações como: ampliação da sala de jantar; e também, modificações na distribuição do programa, como foi o caso da mudança na localização da cozinha e da área de serviço. No pavimento superior um banheiro foi acrescentado, e o banheiro projetado originalmente foi modificado. Além disso, um elevador foi instalado na residência, alterando o volume na lateral sudoeste.

 

Outra alteração foi realizada na varanda intermediária. No projeto original, este grande espaço chamado em planta de “alpendre”, fazia parte do setor social da residência. No entanto, essa grande varanda não chegou a ser executada segundo o projeto. Parte do alpendre foi fechado por esquadrias de vidro e alumínio sendo destinado a uma biblioteca/escritório, restando para a varanda apenas a extensão que avança na fachada frontal.

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DIMENSÃO DA CONSERVAÇÃO

A visita realizada à residência Helion Paiva ocorreu no ano de 2017. Neste período apesar das alterações mencionadas a edificação se encontrava em bom estado de conservação e não necessita de reparos urgentes. Também, como já foi mencionado, a edificação ainda mantém o uso residencial.

 

A maior parte das patologias observadas na visita eram relacionadas aos revestimentos. Puderam ser vistos pontos de possível acúmulo de água no telhado que estavam resultado em formação de fungos e sujeira nas pastilhas. Além disso, em alguns pontos no exterior a pintura estava descascando e haviam indícios de que os degraus redondos haviam passado por reparos.

 

Diante disso, a situação apresentada era temporariamente favorável à preservação do bem, no entanto, mesmo estando inserida na Área de Preservação de Entorno, a ausência de proteção legal para o imóvel torna a edificação vulnerável a descaracterizações permanentes e até mesmo à demolição.

Refererências Bibliográficas

DINIZ, Diego. Residência Hélion Paiva. Em AFONSO, Alcília (ORG). Campina Grande Moderna. Vol 1. EDUFCG. Campina Grande. 2022. pp. 91-110

 

MENESES, C.; AFONSO, A. Documentação da arquitetura moderna residencial em Campina Grande, PB. Um estudo sobre as residências de Geraldino Duda na década de 1960. In: Simpósio Científico ICOMOS BRASIL, Belo Horizonte, 2017.

 

MENESES, C. As residências unifamiliares de Geraldino Duda. Um estudo sobre o morar em Campina Grande nos anos 1960. Trabalho de Conclusão de Graduação. Campina Grande, CAU/UFCG, 2017

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