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ESTÁDIO ERNANI SÁTIRO - O AMIGÃO

Raul de Lagos Cirne, 1975.

DIMENSÃO NORMATIVA

O edifício não possui proteção legal para a sua preservação em nenhum nível.

DIMENSÃO HISTÓRICA

“O Amigão” foi construído entre 1974 – 1975, e inaugurado em 08 de março de 1975; O estádio ficou assim conhecido, devido ao Governador Ernani Sátiro (1971-1975) usar sempre a expressão “velho amigo” quando se dirigia aos seus companheiros.

 

O engenheiro Gil César Moreira de Abreu, foi convidado pelo Governo Federal para gerenciar as obras construídas pela SEEBLA, para os vários estádios pelo Brasil, devido a sua experiência à frente do Estádio Mineirão, localizado em Belo Horizonte, que havia se tornado uma “referência nacional e até internacional, porque era considerado na época, como o segundo maior estádio coberto do mundo”. (CARVALHO e ABUJAMRA, 2008, p.107)

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DIMENSÃO ESPACIAL

A edificação está localizada em uma área de 25 hectares que foi desapropriada para a construção do estádio. A escolha do lugar para implantar a obra considerou a facilidade de acesso do local, que fica muito próximo às rodovias federais, e ao Aeroporto de Campina Grande.

 

Quanto ao seu espaço interno, observa-se que o edifício é constituído de uma planta baixa em forma elíptica marcada pela estrutura aparente dos pórticos em concreto armado e utilizada como recurso estético da composição. Possui uma arena com a dimensão de 110 m x 75 m, e a capacidade para cerca de 30 mil espectadores, observando-se que a estrutura à mostra marca a composição interna espacial.

 

Um fato curioso, é que o “Amigão”, possui a mesma configuração espacial do Estádio José Américo de Almeida Filho - Almeidão, em João Pessoa, por terem sido projetados pelo mesmo arquiteto, e executados pela construtora SEEBLA.

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DIMENSÃO TECTÔNICA

A essência das obras brutalistas pode ser observada em seu sistema estrutural, que se faz presente, compondo a volumetria. Na concepção de que “a verdade estrutural” dos edifícios não pode ser escondida, vigas, pilares e outros elementos da construção ficam expostos, sendo eles os responsáveis pela plasticidade da obra.

 

A riqueza da solução estrutural é a responsável pelo resultado formal da obra, que de maneira elegante, proporcional, harmoniosa e bem detalhada alcançou um resultado de excelência de concepção arquitetônica, provando mais uma vez, que a boa relação entre o conhecimento construtivo de arquitetos e engenheiros é fundamental.

 

O uso do sistema construtivo em concreto armado de forma interativa nas etapas de projeto e de execução acarretou uma obra robusta e marcante no cenário da arquitetura campinense.

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DIMENSÃO FORMAL

A obra utiliza de marquise nas arquibancadas, que trabalha com grande balanço em concreto armado. A forma arquitetônica tirou partido da estrutura para conceber a obra e adotou o concreto armado como sistema construtivo e sua textura aparente predomina na materialidade do edifício.

 

Na fachada principal, voltada para o Oeste, foi observado que o arquiteto utilizou uma marquise em balanço e o alongamento da composição: arco e brises, que tanto protege parte do campo da insolação, quanto hierarquiza o acesso principal ao prédio.

 

A proposta da volumetria trabalha com a repetição da soma de arcos e brises de concreto armado. Estes estão dispostos obliquamente dando a impressão de que avançam para o exterior, o que reforça seu caráter monumental, porém sem causar impressão de peso, pois são utilizados jogos de cheios e vazios.

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DIMENSÃO FUNCIONAL

O edifício mantém seu uso original, mas levantou- -se que em 31 de Março de 2009, foi apresentado, no plenário da Câmara Municipal de Campina Grande, um relatório contendo as melhorias necessárias para o estádio. A reforma deu-se no início em 2013 e contemplou banheiros modernos e adaptados para Portadores de Necessidades Especiais (PNE), bares, cabines de imprensa e arquibancadas, substituição de todas as instalações elétricas e uma nova subestação (rede de distribuição de energia).

 

O estádio agora conta com estacionamento com capacidade de vagas para 845 automóveis, sendo 30 delas destinados aos portadores de necessidades especiais (PNE) e mais 137 vagas para motos, totalizando 982 vagas em uma área de mais de 21 mil m². A urbanização do estacionamento foi concluída recentemente, com instalação de postes e cabeamento, iluminação, drenagem, construção de pista de skate e ciclovias.

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DIMENSÃO DA CONSERVAÇÃO

O projeto de Raul Lagos Cirne apresenta-se, atualmente, completamente inserido na malha urbana de Campina Grande, e tornou-se mais uma identidade para a cidade, porém, espera-se que nos próximos anos, as intervenções para se conservar a obra sejam implantadas e finalizadas no Estádio, a fim de que a obra possa atender às exigências de segurança e acessibilidade, exigidas em espaços esportivos na contemporaneidade.

 

A obra de Raul Cirne possui grande valor no cenário arquitetônico nacional, e os projetos desenvolvidos para a implantação de estádios de futebol no Brasil durante a década de 70 deixaram um grande legado, no que é referente às soluções projetuais, estruturais e construtivas.

 

As formas dialogando com as funções, buscaram resultados compositivos de uma riqueza volumétrica marcante, que se tornaram ícones urbanos, como por exemplo, os estádios projetados para o Albertão em Teresina, o Amigão em Campina Grande.

REFERÊNCIAS

AFONSO, A. Notas sobre métodos para a pesquisa arquitetônica patrimonial. Revista Projetar - Projeto e Percepção do Ambiente, v. 4, n. 3, p. 54-70, dez. 2019.

 

AFONSO, A. Arquitetura e estrutura: a obra de Raul Cirne em estádios de futebol do Piauí e da Paraíba nos anos 70. Manaus: 7º Docomomo Norte Nordeste. 2018.

 

CARVALHO, A.; ABUJAMRA, A. (Org). Gil César Moreira de Abreu. A Construção de uma Vida. Belo Horizonte: Armazém de Ideias, 2008.

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