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CENTRO CULTURAL LOURDES RAMALHO

Renato Aprígio Azevedo da Silva, 1982.

DIMENSÃO NORMATIVA

A obra analisada encontra-se na área de amortecimento do Centro histórico de Campina Grande - aproximadamente a 340m de distância da área de proteção patrimonial - Portanto, não está inclusa em nenhum decreto ou lei de proteção ao bem imóvel.

 

Informa-se aqui que o Centro Histórico de Campina Grande possui uma área deliberada e delimitada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba – IPHAEP, em 28 de junho de 2004, abrangendo um cinturão englobando ruas e praças centrais da cidade (Decreto Estadual nº 25.139/2004).

DIMENSÃO HISTÓRICA

Na década de 1960, a cidade de Campina Grande passou pela era de modernização e houve uma promoção de espaços para expressão de cultura, lazer e recreação, principalmente nas imediações do centro. Destas, uma das principais instituições de socialização, acesso a arte e cultura à toda população é o Centro Cultural Lourdes Ramalho (CCRL).

 

O arquiteto Renato Azevedo, atuou com projetos relevantes no entorno, principalmente as de caráter público, trabalhou em Campina Grande durante o mandato do prefeito Evaldo Cavalcante da Cruz, e continuou na gestão de Enivaldo Ribeiro, fazendo parte da equipe de planejamento e confecção de projetos, sendo coordenador da COMDECA, a companhia de desenvolvimento de Campina Grande.

Renato Azevedo
Teatro Lourdes Ramalho

DIMENSÃO ESPACIAL

O terreno de geometria retangular, o projeto possui 55,20m de fachada principal e 26,60m de fundo, o CCRL, por estar implantado em um grande pátio de eventos da cidade, possui apenas um recuo lateral de aproximadamente 10 metros, onde se encontra a segunda caixa d’água da edificação.

 

O Centro Cultural se conecta ao grande pátio por meio da escadaria externa (de aproximadamente 10 metros) na fachada sul, vencendo a topografia em declive ao nível do subsolo.

 

O recuo frontal disposto na orientação oeste, conta com uma praça que conduz ao hall social e bilheteria, articulando-se a calçada resultando-se em uma reentrância como um espaço de indução e convívio público. O recuo lateral norte possui um talude com vegetação rasteira e nativa que gera um contraste paisagístico com o grande pátio de materialidade cimentícia, e o recuo sul, apresenta uma escadaria cimentícia que possui um patamar de descanso e dá acesso tanto ao pátio como a banheiros públicos.

 

O agenciamento externo utiliza-se de uma faixa de calçada com material cimentício, com blocos de pedras compondo um desenho e massas de vegetações locais, em solo natural. A locação das pedras na calçada é composta por faixas perpendiculares ao sentido de caminhabilidade, intercalando com quadrados e losangos entre. Próximo à entrada principal, o arquiteto prolongou a calçada que finda em um abrigo composto pela estrutura local.

 

Quanto ao espaço interno, a edificação se divide em duas lâminas, sendo eles o térreo e o subsolo, contando com dois acessos: o principal que direciona para as salas, administração e camarote do teatro Rosil Cavalcanti, e o acesso ao subsolo por meio da escadaria externa direciona para o espaço da plateia do teatro.

Teatro Lourdes Ramalho
Sem tĂ­tulo

DIMENSÃO TECTÔNICA

O sistema construtivo adotado foi o concreto armado, empregado em vigas, pilares e lajes. A relação forma e estrutura é forte e o resultado é a presença de forma sistemática na volumetria e tratamento das fachadas. Harmoniza-se com a edificação de forma a sobrepor-se aos planos, sendo um elemento compositivo nas fachadas.

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Assim, a estrutura de vigas e pilares em concreto emolduram o edifício definindo sua forma, proporção horizontal, contando também com planos verticais e horizontais que induzem até à entrada principal com um abrigo originado pelo seu telhado.

 

A cobertura divide-se em duas águas, sendo a estrutura metálica e as telhas em fibrocimento, que possuem baixa inclinação tornando-se visualmente mais longilínea. A platibanda na fachada principal e posterior são em chapas metálicas perfuradas na viga metálica da estrutura da coberta. A vedação predominante é em tijolo cerâmico e os cobogós em concreto.

Teatro Lourdes Ramalho
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DIMENSÃO FORMAL

Os princípios modernos são materializados através da planta baixa que possui uma setorização bem definida e uma trama modular, com um que zoneamento exprime claros direcionamentos sobre a funcionalidade da edificação. A volumetria vista de sua fachada principal mantém a escala do pedestre, de proporção predominantemente horizontal, sendo contrastado pelo volume vertical de forma circular da caixa d’água.

 

A fachada principal possui dois planos de destaque: sendo um painel, e o outro, em cobogós que fazem o fechamento de um jardim interno.

DIMENSÃO FUNCIONAL

O Centro Cultural Lourdes Ramalho como espaço físico para expressão artística, cultural e socialização, proporciona cursos gratuitos, como aulas de teatro, dança, pintura, música, fotografia e yoga, com atividades distribuídas nos três turnos. O viés social da instituição promove doações a entidades filantrópicas por meio das inscrições dos seus alunos

Teatro Lourdes Ramalho.png

DIMENSÃO DA CONSERVAÇÃO

Diante do exposto sobre o CCLR propõe-se algumas ponderações sobre os quesitos que influem sobre a conservação do patrimônio arquitetônico campinense:

 

  1. Em razão do patrimônio edificado ser do período moderno no Brasil e fora da área de proteção legislativa patrimonial, a edificação sofreu várias adaptações pela necessidade dos novos usos, contudo sem a devida consideração à memória projetual e as suas proposições.

  2. Por estar com a sua fachada posterior sem acesso direto para uma praça de transição em relação ao mais importante pátio de eventos da cidade, conhecido como “parque do povo”, o edifício acaba isolando-se do espaço público e em épocas festivas, a varanda - devido a sua vista privilegiada para o pátio -, tornava-se um camarote.

  3. O arquiteto apresentou técnicas projetuais que possuía como fundamento os princípios projetuais da modernidade aplicados aos edifícios como uma arquitetura racional e bioclimática, respeitando eespecificidade do tempo e também em parte tem-se a tecnologia aplicada, que atualmente devido a grande necessidade do uso de equipamentos elétricos como ar-condicionado, os espaços que antes eram projetados pensando sobre questões de ventilação natural passaram a ser artificial, ocorrendo o entaipamento dos cobogós, bem como a inserção dos condensadores nas fachadas, o que caracterizaria como elementos parasitários.

  4. Outra questão pertinente sobre falta de conservação é a deterioração do edifício que ocorre por meio da vandalização das fachadas laterais e posteriores, através das pichações. A ausência de manutenção adequada no painel de mosaico também fez com que houvesse um desplacamento de parte das pequenas cerâmicas, desconstituindo parte do desenho, o que ocorre também no piso com a substituição de materiais claramente diferentes configurando visualmente uma “colcha de retalhos”.

  5. No tocante quanto às fontes primárias e secundárias – entendo que o edifício é um documento edificado (KATINSKY, 2005) –, considera-se sobre a conservação do bem e de seus registros. A falta de condições necessárias para o armazenamento e manutenção dos documentos, faz com que se acelere o processo de desgaste e perda do material do projeto, sendo fundamental cada vez mais que se acelere a digitalização física e imagética para a preservação da memória da construção histórica e social da cidade.

REFERÊNCIAS

AFONSO, A. Proposta metodológica para pesquisa arquitetônica patrimonial. Belo Horizonte: 3º simpósio científico do ICOMOS Brasil. 2019. OLIVEIRA, I;

 

AFONSO, A. Renato Azevedo: O arquiteto e sua produção na cidade de Campina Grande. 1968-1997. Levantamento das obras. UFCG. PIVIC. Campina Grande, 2018.

 

OLIVEIRA, I. SANTOS, B. LEITE, J. SOUZA, J. Centro Cultural Lourdes Ramalho: Um olhar sobre tectônica na Arquitetura Moderna Campinense. 7° Docomomo NO NE, Manaus, AM, 2018

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