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BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG

Tertuliano Dionísio

DIMENSÃO NORMATIVA

O edifício não possui proteção legal para a sua preservação em nenhum nível. A responsabilidade de conservação do bem imóvel está atribuída ao corpo administrativo do campus universitário da Universidade Federal de Campina Grande - campus sede.

DIMENSÃO HISTÓRICA

Projetada pelo Arquiteto Tertuliano Dionísio no ano de 1977 e inaugurado no ano de 1979. Inicialmente criado como Biblioteca Setorial da Universidade Federal da Paraíba/ UFPB, Campus II, sob a gestão do reitor Prof. Lynaldo Cavalcante de Albuquerque e como coordenador o bibliotecário-documentalista, Sebastião Vieira.

 

No ano de 2002, a biblioteca passou de setorial da UFPB para central da então criada UFCG (fundada em 1952, como Escola Politécnica da Paraíba, durante o governo de José Américo de Almeida), sob gestão inicial do primeiro reitor Thompson Fernandes Mariz. Em 2008 foi aprovado em colegiado pleno a resolução 09/2008 que formalizou a criação do Regulamento do Sistema de Bibliotecas da UFCG.

DIMENSÃO ESPACIAL

O edifício encontra-se inserido no setor A (administrativo) do campus universitário. O seu entorno imediato é marcado geograficamente pela presença de um lago natural e um córrego canalizado, que contribuiu para a permanência de uma vegetação nativa mais densa em suas margens, além de uma topografia acentuada, forte condicionante na determinação espacial do edifício.

 

A solução adotada pelo arquiteto para os acessos à edificação é proposta em três níveis principais, que atendem a diferentes públicos. São eles: acesso de estudantes e funcionários; por meio de escadarias externas que conectam diretamente os pavimentos térreo e semienterrado, respectivamente, ao nível do passeio; além de um acesso de serviços, destinado ao transporte de carga e descarga de materiais, com acesso direto na área sob pilotis do pavimento inferior.

DIMENSÃO TECTÔNICA

A estrutura foi pensada de forma a favorecer grandes vãos, a fim de comportar as cargas das estantes de livros e proporcionar um layout flexível pelo próprio mobiliário. Para tanto, utiliza do sistema viga-pilar em concreto, com lajes convencionais em lajotas cerâmicas, ordenado em um módulo estrutural de 3,70m x 7,70m.

 

As peles do edifício são racionalizadas pelo uso neoplástico de brises-soleils verticais e cobogós em concreto, bem como, vedação em esquadrias pivotantes de madeira e vidro.

A sensibilidade ao detalhe construtivo é perceptível na inclinação frontal da marquise de acesso principal e no vazamento dos degraus da escada principal (externa), onde apoiados em um muro de arrimo, criam um espaço inferior fluido, amenizando a robustez desse elemento.

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DIMENSÃO FORMAL

O arranjo interno elaborado para os ambientes, delimitou plasticamente a forma volumétrica em três “lâminas” horizontais por pavimento, conectadas por uma circulação no eixo central.

 

Devido à maior demanda de ambientes para os setores administrativo e social, estes acabaram tendo um maior prolongamento horizontal na volumetria em relação ao setor de serviços (pav. inferior), o que possibilitou a existência de espaços vazios sob pilotis. Os pátios formados estabelecem uma relação de interface interior-exterior, por meio dos usos atribuídos para o lugar.

 

A repetição das esquadrias, que são agrupadas por um módulo tectônico (brise-esquadria), definem nas fachadas, “texturas limpas”, que consolidam o edifício como inerente aos critérios de uma arquitetura moderna tardia.

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DIMENSÃO FUNCIONAL

A obra mantém seu uso original (institucional), no entanto, durante o processo de ocupação do edifício houveram algumas intervenções. Essas adaptações tentaram adequar as demandas contemporâneas que emergiam dos corpos discente, docente e técnico. Uma delas se deu pela vedação de parte do pavimento inferior (espaço elevado sob pilotis), que a propósito seria destinado a um espaço ajardinado de convivência e alimentação, passando a ser substituído por um espaço dedicado as tecnologias da informação (salas de informática para estudos).

É evidente que os condicionantes topográficos do lugar implicaram diretamente na maior utilização de escadas para os acessos, como também a criação de fossos, o que não garantia uma acessibilidade física para todos os estudantes. Com isso, temos posteriormente a adaptação por meio da implantação de um acesso rampeado pela fachada leste que daria acesso imediato ao pavimento térreo.

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DIMENSÃO DA CONSERVAÇÃO

Inserida em um recorte de área legalmente desprotegida, a obra fica então a mercê dos processos de mudanças e reformas sujeitas a descaracterizar enquanto edifício moderno da cidade, principalmente, por falta de informação e diálogo entre as distintas instituições e órgãos que regem o município.

 

Hoje, o edifício encontra-se pouco descaracterizado em relação a sua construção original, todavia, bastante danificado quando tratando-se da conservação de sua materialidade e no tratamento das soluções de instalações prediais indexadas com o passar do tempo (instalações elétricas, condicionares de ar, refletores, elementos parasitários).

 

Vale salientar, que o cargo para dirigir a instituição, geralmente vem sendo ocupado por profissionais vinculados ao campo das engenharias, e não por técnicos e profissionais da área cultural, ou correlata – o que dificulta o processo de conservação, pois estas pessoas não possuem formação específica na área, além de infelizmente possuírem pouca sensibilidade para entender a importância de se intervir de forma correta neste bem patrimonial.

 

Não priorizam a manutenção constante da edificação, em seu conjunto construtivo, de espaços internos, externos, fachadas e cobertura. Autorizam intervenções como fechamentos de esquadrias por gradis, vedação de elementos vazados, bem como, não atuam no combate as manifestações patológicas presentes na edificação, tais como, infiltrações, rachaduras, fissuras, oxidações, entre outros.

 

Enfim, nota-se a inserção deste objeto arquitetônico em um campus universitário de desenvolvimento científico e tecnológico, onde sua função primordial deveria ser de salvaguardar o patrimônio histórico de interesse coletivo para a academia como ferramenta de instrumentação para práticas de conservação e fundamentação teórica no município como um todo.

 

No entanto, o que se percebe é o contraste existente entre o desinteresse e desconhecimento da própria comunidade acadêmica acerca da importância desses exemplares arquitetônicos, ao mesmo tempo, que assume o papel pela formação do conhecimento histórico e cultural de futuros profissionais.

REFERÊNCIAS

AFONSO, A. et al. Biblioteca Central da UFCG: Estado da Arte. In: Anais do 5º Colóquio Ibero-Americano: Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto. Belo Horizonte, MG. 2018. Disponível em: . Acesso em: 20 de jun. 2020.

 

PEREIRA, I. Tertuliano Dionísio: A presença do arquiteto em obras modernas de Campina Grande. 1960-1980. Etapa 01. Campina Grande: UFCG. PIVIC. 2018.

 

PEREIRA, I. et al. A ameaça da (des)integridade em obras modernas da Universidade Federal de Campina Grande-PB. In: Anais do 3º Simpósio Científico do ICOMOS Brasil. Belo Horizonte, MG. 2019. Disponível em: . Acesso em: 20 de jun. 2020

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